Parte do texto: JOHNSON, David W; JOHNSON, Roger T.; SMITH, Karl A. A Aprendizagem Cooperativa Retorna às Faculdades. In: Change, Jul/Aug98, Vol. 30, Issue 4, p26.
Desde os anos 60 estamos desenvolvendo uma biblioteca abrangente de toda a pesquisa conduzida acerca da aprendizagem cooperativa. Encontramos mais de 305 estudos que comparam a relativa eficácia das aprendizagens cooperativa, competitiva e individualista em função do desempenho individual em faculdade e em outro meio adulto. O primeiro estudo foi conduzido em 1924; 68 por cento dos estudos foram conduzidos a partir de 1970. (...)
Classificamos os resultados da pesquisa, comparando os esforços cooperativo, competitivo e individualista em três largas categorias relativas à qualidade da experiência em faculdades: sucesso acadêmico, qualidade dos relacionamentos, e ajustamento psicológico à vida da faculdade. (...)
Sucesso acadêmico. Uma das maiores influências na experiência da faculdade consiste em saber se os alunos conseguem o desempenho acadêmico. O sucesso acadêmico tornou-se, acima de tudo, o objetivo da faculdade e o objetivo do estudante. Ele também – conforme documenta Tinto – exerce numerosos efeitos sobre o apego à faculdade:quanto maior o desempenho dos estudantes, maior a sua tendência em se comprometerem a terminar a faculdade. O sucesso acadêmico está ligado também à possibilidade de conseguir bolsa de estudo. Por estas e muitas outras razões, é importante voltar aos métodos didáticos que maximizem o desempenho do aluno. (...)
Qualidade de relacionamentos. Uma hoste de pesquisadores tem investigado a qualidade de relacionamentos entre estudantes, e entre estudantes e professores. Nossa metaanálise da pesquisa, usando estudantes de 18 anos de idade ou acima, resultou em que o esforço cooperativo promove maior estima entre estudantes do que o faz o esforço competitivo (...) ou o individualista (...); este resultado vale também entre estudantes de diferentes etnias, cultura, linguagem, classe social, habilidade e sexo. Estudantes de faculdade que aprendem de modo cooperativo sentem maior apoio social (tanto acadêmico quanto pessoal) da parte de seus parceiros e instrutores, muito mais do que sentem os alunos que trabalham de modo competitivo(...) ou individualista (...).
Os relacionamentos interpessoais positivos promovidos pela aprendizagem cooperativa são cruciais para as comunidades de aprendizagem nos dias de hoje. Eles aumentam a qualidade do ajustamento social à vida da faculdade; acrescentam mais alvos para que o aluno continue freqüentando; reduzem essa incerteza se ele deve ou não freqüentar a faculdade; aumentam o seu comprometimento para ficar; aumentam a sua integração à vida da faculdade; reduzem as incongruências entre os interesses dos alunos e o currículo da faculdade; e eleva a vida comunitária no meio estudantil (Ver Tinto, nas Fontes de Referência).
Ajustamento psicológico. Para muitos estudantes, freqüentar a faculdade exige um considerável ajustamento pessoal. Revisando a pesquisa, descobrimos que a cooperação está altamente relacionada com uma larga variedade de índices de saúde psicológica; que atitudes individualistas altamente se relacionam com um amplo espectro de patologias psicológicas; e que a competitividade parece relacionar-se com uma mistura complexa de índices de saúde e de patologia. Um aspecto importante da saúde psicológica é a auto-estima. Estudos a nível de faculdades indicam que a cooperação, mais do que a competitividade (...) ou o individualismo (...), tende a promover uma auto-estima bem mais elevada. Os membros de grupos cooperativos também se tornam mais habilitados socialmente do que alunos que trabalham de modo competitivo ou individualista.
Atitudes frente à Experiência de Faculdade
Quanto mais positiva a atitude do estudante para com sua faculdade, maior é a probabilidade de permanecer e participar plenamente na vida estudantil. Um número de estudos demonstra que a aprendizagem cooperativa promove atitudes positivas para com o aprendizado, com a matéria e faculdade bem mais do que a aprendizagem competitiva e individualista. Há numerosas teorias de psicologia social, além do mais, que prevêem que os valores, as atitudes e os padrões de comportamento dos alunos são desenvolvidos e mudados de modo muito mais efetivo nos grupos cooperativos.
Relações Recíprocas entre os Resultados
Existe uma tendência de relação recíproca entre esses resultados. Quanto mais esforço os estudantes gastam no trabalho em conjunto, tanto maior a tendência de eles se estimarem uns aos outros. Quanto mais eles se estimam, com mais afinco se esforçam para aprender. Quanto mais os indivíduos trabalham juntos, maior será sua competência social, autoestima e saúde psicológica em geral. Quanto mais psicologicamente saudáveis eles são, maior a tendência de eles trabalharem efetivamente juntos. Quanto maior o número de relações comprometidas nas quais as pessoas se envolverem, mais saudáveis elas serão psicologicamente; por sua vez, pessoas mais saudáveis são mais capazes de desenvolver relações zelosas e comprometidas. Estes múltiplos resultados formam um gestalt central para uma experiência de faculdade altamente elevada.
A Pesquisa é Até Mesmo Mais Impressionante do que Parece
A pesquisa sobre aprendizagem cooperativa é como um diamante. Quanto mais luz você focaliza num diamante, mais brilhante e multifacetário ele se torna. O poder da aprendizagem cooperativa é iluminado pela magnitude dos seus efeitos. Mas quanto mais você lê a pesquisa e examina os estudos, tanto melhor se parece a aprendizagem cooperativa. Eis algumas das razões:
A aprendizagem cooperativa é um procedimento didático de efeito de alto custo. Ela afeta muitos resultados didáticos simultaneamente.
Os estudos de pesquisa são uma combinação de estudos teóricos e demonstrativos conduzidos em laboratórios, em salas de aula e em faculdades como um todo. Se, por um lado os estudos de laboratório podem ter durado apenas uma sessão, alguns dos estudos demonstrativos duraram um semestre inteiro ou um ano acadêmico. A combinação dos estudos científicos e demonstrativos fortalece a confiança que os instrutores de faculdade podem ter na eficácia dos procedimentos da aprendizagem cooperativa.
A pesquisa acerca da aprendizagem cooperativa tem uma validade e abrangência raramente encontradas na literatura educacional. Esta pesquisa tem sido conduzida há mais de oito décadas por numerosos pesquisadores, com orientações marcadamente diferentes, trabalhando numa variedade de faculdades e países. Os participantes da pesquisa têm variado quanto à classe econômica, idade, sexo, nacionalidade, e antecedentes culturais. Os pesquisadores têm empregado um ampla variedade de tarefas, áreas de disciplina, os meios de estruturar a aprendizagem cooperativa, e os meios de medir as variáveis dependentes. Metodologias vastamente diferentes têm sido usadas. Esta combinação de diversidade e de volume de pesquisa é quase sem paralelo.
MANEIRAS DE SE USAR A APRENDIZAGEM COOPERATIVA
Um solo rico combinado a uma nutrição cuidadosa e um zelo pela plantação tende a resultar em uma colheita abundante. A teoria que sublinha a aprendizagem cooperativa e o número de dados da pesquisa em torno dela criam o potencial para práticas eficientes de ensino.
O Uso da Aprendizagem Cooperativa:
Uma Breve História
Há uma rica tradição de aprendizagem cooperativa na educação superior. Há milhares de anos, o Talmud afirmou que, a fim de entender o talmuld, a pessoa deve ter um parceiro de aprendizagem. Sócrates ensinava seus discípulos em grupos pequenos, engajando-os em diálogos em sua famosa “arte do discurso”. Já no começo do século Quintilino argumentava que os discípulos poderiam se beneficiar ensinando um ao outro. O filósofo romano Sêneca advogava a aprendizagem cooperativa quando disse: “Qui docet discet” (“Aquele que ensina aprende.”). Johann Amos Comenius (1592-1679) cria que os alunos se beneficiariam tanto ensinando uns aos outros como sendo ensinados uns pelos outros.
Através da Idade Média, os artesanatos tinham aprendizes trabalhando juntos a pequenos grupos dos mais capacitados, os quais trabalhavam com o mestre e daí ensinavam suas habilidades aos menos experimentados. Ao final do século 18, Joseph Lancaster e Andrew Bell fez uso abrangente de grupos de aprendizagem cooperativa na Inglaterra e na Índia a fim de proporcionar a educação de “massas”; foi aberta uma escola Lancaster em Nova York, em 1806. Na Boston colonial, o jovem Benjamin Franklin (vivendo em pobreza) organizou grupos de aprendizagem a fim de conseguir uma educação. Dentro do Movimento da Escola Comum nos Estados Unidos no começo do século 19, houve um ênfase acentuada na aprendizagem cooperativa. Nas últimas três décadas do século 19, o uso que o Coronel Francis Parker fez da aprendizagem cooperativa dominou a educação americana. Por todas as primeiras décadas do século 20, John Dewey promoveu o uso de grupos de aprendizagem cooperativa como parte de seu método de projeto.
Continuando esta história tão rica, existem várias faculdades nas quais a aprendizagem cooperativa está sendo usada hoje de maneira exemplar. A Florida Community College em Jacksonville, por exemplo, tem implementado a aprendizagem cooperativa em base de larga escala. O Estado de Michigan está implementando a aprendizagem cooperativa por toda a universidade inteira. A fim de ajudar os praticantes, James Cooper, na California State University-Dominguez Hills, publica um periódico (newsletter) sobre o uso da aprendizagem cooperativa a nível de faculdade. O interesse cada vez maior na aprendizagem cooperativa se reflete no número de apresentações em conferências acerca do tema. Mais ainda, existem áreas relacionadas de trabalho que convalidam o uso da aprendizagem cooperativa (...), incluindo o trabalho da aprendizagem com base em problema, das comunidades de aprendizagem, e a retenção de alunos até a formatura.
Para se aumentar o uso de aprendizagem cooperativa, é necessário, entretanto, entender os modos pelo quais ela pode ser usada em salas de aula de faculdades.
USANDO A APRENDIZAGEM COOPERATIVA EM AULAS DE FACULDADE
Em meados dos anos 60, saímos da fazenda para irmos para a universidade, e começamos então a traduzir os hábitos de cooperação, que tínhamos aprendido antes, para os procedimentos práticos em favor de nosso próprio ensino na Universidade de Minnesota e na Universidade da Califórnia em Berkeley. Na época, desenvolvemos três modos interrelacionados para usar a aprendizagem cooperativa: o formal, o informal e o modo de grupos em base cooperativa.
A aprendizagem cooperativa formal é aquela em que os alunos trabalham juntos, durante um período de várias semanas, para atingir alvos compartilhados de aprendizagem, visando completar, em conjunto, tarefas e trabalhos específicos. Qualquer requisito ou trabalho do curso pode ser estruturado para uma aprendizagem cooperativa formal. Os grupos formados nesta base proporcionam o fundamento para todos os outros procedimentos de aprendizagem cooperativa. Em grupos formais de aprendizagem cooperativa, os instrutores...
- tomam um número de decisões antes do processo de aprendizagem. Um instrutor tem que decidir sobre os objetivos acadêmicos e os objetivos relativos às habilidades sociais, o tamanho dos grupos, o método de divisão dos alunos entre os grupos, os papéis que serão dados aos alunos, os materiais necessários para se conduzir a aula, e o modo como a sala será remanejada;
- explicam aos alunos a tarefa e o conceito da interdependência positiva. Um instrutor define a tarefa, ensina as estratégias e os conceitos necessários, explica a interdependência positiva e a responsabilidade individual, fornece os critérios para o sucesso, e especifica as habilidades sociais que se esperam;
- monitoram a aprendizagem dos alunos e intervêm, para dar assistência aos alunos, com tarefas ou com habilidades interpessoais e de grupo. Um instrutor sistematicamente observa e coleta informações de cada grupo durante seu trabalho. Quando necessário, o instrutor intervém para dar assistência aos alunos no sentido de completar com precisão a tarefa, e de trabalharem juntos com eficiência;
- fazem a verificação e a avaliação da aprendizagem dos alunos, e ajudá-los a processar o modo como seus grupos podem funcionar bem. A aprendizagem dos alunos é verificada cuidadosamente, e o desempenho de cada um é avaliado. Os membros dos grupos de aprendizagem processam então os modos como podem trabalhar juntos com eficiência.
Os grupos de aprendizagem cooperativa informal são usados primariamente para promover a instrução direta (apresentações, demonstrações, filmes, vídeos); eles são tipicamente temporários e ad hoc, formados por um breve período de tempo (tal como discussões de 2 a 4 minutos contínuos durante um sessão de aula). Os instrutores podem usar grupos formais de aprendizagem cooperativa durante a aula, fazendo os alunos se voltarem para o colega mais próximo a fim de discutir brevemente uma questão colocada pelo professor ou para resumir o que o instrutor acabou de apresentar. Isto focaliza a atenção do aluno no material e assegura que os alunos vão processá-lo com conhecimento.
Os grupos em base cooperativa são grupos de longo prazo (que duram, pelo menos, um semestre) com um rol estável de membros, cuja responsabilidade principal é fornecer a cada aluno o apoio e o encorajamento de que necessita para progredir academicamente e completar seu(s) curso(s) com sucesso.
Os três tipos de aprendizagem cooperativa se complementam e se apóiam entre si. Eles todos até podem ser usados numa única sessão de aula. O seguinte exemplifica esse uso integrado:
Primeiro, a aula começa com um grupo de base que dura, tipicamente, entre 5 e 10 minutos. Os membros se dão as boasvindas, completam uma tarefa no sentido de se expor (como responder à pergunta: “Qual é o autor preferido de cada um?”), e verificam a tarefa de cada um para assegurarem-se de que ela está completa e foi compreendida. A reunião pode se estender (até 15 minutos) para incluir atividades como testes acerca das tarefas de leitura, ou para a edição em parceria de trabalhos temáticos. O instrutor observa sistematicamente os grupos de base e anota quais partes da tarefa causaram dificuldade.
Segundo, a própria sessão de aula pode ser introduzida através do ensino direto a aprendizagem cooperativa informal. O instrutor explica o que vai acontecer na aula do dia, fazendo um esboço dos objetivos e da programação da aula. O instrutor faz então uma breve exposição para introduzir ou fornecer novo material acerca do tema ou para instigar os alunos acerca do tema. A exposição começa e termina com uma discussão entre duplas de alunos. Em exposições mais longas, uma discussão em duplas pode ser realizada a cada 10 ou 15 minutos.
Para dramatizar um exemplo, considere uma lição focalizada nas limitações humanas e nas maneiras como nós compensamos essas limitações. O instrutor inicia por pedir aos alunos que se voltem para um parceiro e, durante quatro minutos, respondam à pergunta: “Quais são as vantagens e desvantagens de ser um ser humano?”. Os alunos a) formulam uma resposta, b) compartilham sua resposta com o parceiro, c) ouvem a resposta de seus parceiros, e d) criam uma síntese que seja melhor do que a sua própria resposta e a do parceiro.
O instrutor faz em seguida uma exposição de 10 minutos, explicando que, se por um lado o corpo humano é um maravilhoso sistema, nós (como outros organismos) temos limitações bem específicas. Não podemos ver a bactéria numa gota de água ou os anéis de Saturno sem ajuda; não podemos ouvir tão bem quanto uma corça ou voar como uma águia. Os seres humanos nunca se satisfizeram com o fato de serem tão limitados, e, portanto, inventaram microscópios, telescópios, e outras asas. O instrutor pode pedir aos alunos para virar-se à pessoa mais próxima e responder às perguntas: “Quais são três limitações dos seres humanos? O que já inventamos para superar essas limitações?”
Terceiro, o instrutor pode usar a aprendizagem cooperativa para formular as questões: Quais são as outras limitações humanas? Quais são os outros meios de superá-las?” Os 30 alunos contam de 1 a 10 para formar grupos de três. A interdependência de alvos positivos é estabelecida exigindo-se do grupo um conjunto de respostas com as quais cada um no grupo concorda; cada membro do grupo dever ser capaz de explicar aquela limitação e os meios de superá-la. A interdependência de papéis é estabelecida designando-se um papel a cada membro: estimulador de contribuições, resumidor, ou registrador. Os critérios do sucesso consiste em completar a tarefa em tempo específico, em concordar com pelo menos três limitações humanas, e planejar um meio razoável de se superar cada uma delas. As habilidades sociais esperadas a serem usadas por todos os alunos incluem a de contribuir com idéias, encorajar a participação de todos, e a de gerar idéias divergentes.
À medida que os alunos fazem este trabalho, o instrutor sistematicamente monitora cada grupo e intervém para fornecer a assistência acadêmica e ajudar com as capacidades dos pequenos grupos. O instrutor estrutura a responsabilização individual a) observando cada grupo a fim de determinar se os membros estão cumprindo seus papéis, b) dando, ocasionalmente, testes orais individuais a fim de assegurar-se de que cada membro pode explicar as limitações e as soluções.
Ao final da lição, cada grupo entrega seu trabalho para ser avaliado. Se houver tempo, cada grupo pode compartilhar seu trabalho com toda a classe. Os membros do grupo então contam como conseguiram trabalhar bem juntos identificando as ações do grupo que ajudaram em seu sucesso e apontando um passo a mais que poderá melhorar seu trabalho da próxima vez.
Quarto, o instrutor pode resumir as idéias mais interessantes geradas pelos grupos cooperativos formais, e explicar como a lição do dia conduz à tarefa seguinte. A aprendizagem cooperativa formal se usa para fazer os alunos discutirem: “Que questões acerca da superação de limitações humanas você ainda tem que precisam ser respondidas?” Finalmente, a sessão da aula terminar com uma reunião com o grupo de base. Os membros do grupo revisam o que aprenderam, perguntam acerca da sua aplicação a outras tarefas e situações, revisam as tarefas de casa, e determinam qual a ajuda de que cada membro do grupo necessita para completá-las.
CONCLUSÃO
“Temos que achar meios de nos organizarmos cooperativamente, com o mesmo espírito, cientificamente, de modo harmonioso, e com uma espontaneidade regeneradora em relação ao resto da humanidade em volta do mundo... Não seremos capazes de comandar nossa aeronave espacial com sucesso por muito mais tempo, a menos que a vejamos como uma aeronave total e o nosso destino como comum a todos. Tem de ser de todo mundo ou de ninguém.” R. Buckminster Fuller.
O corpo docente que usa a aprendizagem cooperativa pisam em terreno seguro. Existe uma base teórica rica para a aprendizagem cooperativa. Na evolução da pesquisa nestes últimos 35 anos, cinco elementos comuns emergiram como críticos para o trabalho cooperativo nas salas de aula: a interdependência positiva, a esponsabilização individual, a interação promotora face-a-face, as habilidades sociais, e o processamento de grupo. A própria evidência da pesquisa indica que a) as teorias que fundamentam a aprendizagem cooperativa são válidas, e b) a aprendizagem cooperativa realmente funciona nas salas-de-aula das faculdades.
Três tipos inter-relacionados de aprendizagem cooperativa se desenvolveram: a aprendizagem cooperativa formal, a aprendizagem cooperativa informal, e os grupos cooperativos de base. Usados em conjunto, eles fornecem um referencial para um ensino eficaz a nível de faculdade.
Em muitas aulas de faculdade, entretanto, dá-se mais importância à formação de “Lone Rangers” (guardas florestais) do que à criação de comunidades de aprendizagem dentro das quais a realização de todos os alunos é promovida. Ignora-se amplamente o poder dos esforços cooperativos. O sistema inteiro de ensino visa encorajar e nutrir o gênio individual solitário, a fim de, por exemplo, encontrar o próximo Michelângelo.
Como mito acadêmico, não haveria dúvida, o grande Michelângelo pintou o teto da Capela Sistina, trabalhando sozinho num andaime muito acima do piso da capela. Na realidade 13 pessoas ajudaram Michelângelo a fazer a pintura. Como observa o biógrafo William E. Wallace, Michelângelo era o cabeça de um empreendimento empresarial que, de modo cooperativo, fez a arte que levava seu nome.
A mistura poderosa do esforço individual e coletivo encontrada na equipe de Michelângelo pode ser alavancada em qualquer aula de faculdade.
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